terça-feira, 14 de abril de 2015

A Herdeira Capítulo 5


EU SABIA QUE HAVIA UM ARSENAL DE EMPREGADOS trabalhando no palácio, mas estava convicta de que a maioria permanecera escondida até aquele dia. Assim que o anúncio da Seleção inesperada se espalhou, não só as criadas e os mordomos corriam de um lado para outro com os preparativos, mas também muita gente que eu nunca tinha visto.
Meu trabalho diário, que envolvia ler relatórios e participar de reuniões, mudou assim que me tornei o foco dos preparativos.
— Este é um pouco mais barato, Alteza, mas ainda assim incrivelmente confortável e funcionaria bem com a decoração atual — dizia um homem segurando um retalho enorme de tecido, que em seguida juntou a outras duas opções.
Toquei-o, encantada com a textura do pano como sempre ficava, embora aquele claramente não fosse para fazer roupas.
— Não sei se entendo muito bem o motivo de estarmos fazendo isso — confessei.
O homem, um dos decoradores do palácio, apertou os lábios.
— Houve quem dissesse que alguns quartos de hóspedes são um tanto femininos, e que seus pretendentes talvez ficariam mais confortáveis com algo assim — ele disse, apresentando mais uma opção. — Podemos transformar um quarto completamente com um simples jogo de cama.
— Ótimo — eu disse, achando um pouco desnecessário todo aquele esforço por causa de uns lençóis. — Mas sou eu quem precisa decidir isso?
Ele abriu um sorriso bondoso.
— Esta Seleção terá a sua marca, Alteza. Mesmo que não tenha escolhido tudo, as pessoas pensarão que escolheu. Então é melhor já termos sua aprovação para tudo.
Contemplei o tecido, um pouco exausta de imaginar que todos aqueles detalhes tolos poderiam acabar se voltando contra mim.
— Este aqui.
Escolhi a opção mais barata. Era um verde escuro perfeitamente aceitável para uma estadia de três meses.
— Escolha muito sábia, Alteza — o decorador elogiou. — Podemos pensar em acrescentar novos objetos de arte também?
Ele bateu palmas e uma torrente de criadas surgiu com pinturas nas mãos. Dei um suspiro. Sabia que já tinha perdido a tarde.
Na manhã seguinte, fui convocada para a sala de jantar. Minha mãe me acompanhou, mas meu pai não podia se afastar do trabalho.
Um homem que eu supunha ser nosso chef de cozinha curvou-se para nós, mas não muito, devido a sua ampla barriga. Seu rosto era mais próximo do vermelho que do branco, mas ele não suava, o que me fez pensar que todos os anos em meio ao vapor da cozinha deixaram sua pele mais corada.
— Majestade, Alteza, obrigado por se juntarem a nós. O pessoal da cozinha tem trabalhado dia e noite para encontrar opções adequadas para o primeiro jantar após a chegada dos pretendentes. Queremos servir sete pratos, obviamente.
— Claro! — respondeu minha mãe.
O chef sorriu para ela.
— Naturalmente, gostaríamos de sua aprovação para o cardápio final.
Tremi por dentro. Uma autêntica refeição de sete pratos podia levar seis horas do primeiro gole do drinque até o último pedaço da sobremesa. Quanto tempo levaria para provar as diferentes opções para cada prato?
Oito horas, descobri mais tarde. Passei o resto do dia com uma dor de estômago terrível, o que não me deixou muito entusiasmada quando alguém veio perguntar sobre a seleção de músicas para a noite do primeiro jantar.
Os corredores pareciam ruas lotadas, e cada canto do palácio rufava com os preparativos apressados. Aguentei o melhor que pude até um dia encontrar meu pai de passagem.
— Pensamos em criar um salão especial para os Selecionados. O que você acha de…
— Basta! — bufei exasperada. — Não quero saber. Não faço ideia do que um garoto gostaria de encontrar em um espaço de recreação. Sugiro que você vá perguntar a alguém com testosterona. Quanto a mim, estarei no jardim.
Meu pai percebeu que eu estava a ponto de explodir, então me deixou passar sem discutir. Fiquei grata pelo breve descanso.
De biquíni, deitei de bruços sobre uma esteira no gramado perto da floresta. Desejei, como tantas vezes antes, que tivéssemos uma piscina. Eu era boa em conseguir o que queria, mas meu pai nunca cedera nessa questão. Quando o palácio fosse meu, essa seria minha primeira decisão.
Esbocei vestidos em meu caderno na tentativa de relaxar. À medida que o sol me aquecia, o som dos traços rápidos do meu lápis se misturava ao agitar das folhas, compondo um som tranquilo e agradável. Lamentei a perda de paz na minha vida. Três meses, entoava para mim mesma. Três meses e tudo volta ao normal.
Uma risada aguda poluiu a quietude do meu jardim. “Josie”, murmurei. Protegendo os olhos com a mão, virei para o lado e a vi caminhando em minha direção. Ela estava com uma de suas amigas, uma garota de classe alta com quem escolhera se relacionar precisamente porque a companhia no palácio não era suficiente para ela.
Fechei o caderno para esconder meus desenhos e deitei de costas para só sentir a luz do sol.
— Será uma boa experiência para todos — ouvi Josie comentar com a amiga. — Não tenho muitas oportunidades de interagir com rapazes, então vai ser legal poder falar com alguns. Um dia, quando arranjarem meu casamento, quero ser capaz de manter uma conversa.
Fiz uma cara de tédio. Se eu acreditasse que poderia me apegar minimamente aos rapazes, teria ficado incomodada com o fato de Josie achar que eles estariam ali por causa dela. Mas, pensando bem, ela achava que tudo era por causa dela. E a ideia de que se considerava tão importante para ter um casamento arranjado era cômica. Ela podia casar com o primeiro cara com quem topasse na rua e ninguém prestaria a menor atenção.
— Tomara que eu possa vir fazer uma visita durante a Seleção — comentou a amiga. — Vai ser tão divertido.
— Claro, Shannon! Vou garantir que todas minhas amigas possam vir com frequência. Vai ser uma experiência valiosa para vocês também.
Que gentileza oferecer a minha casa e meus eventos como oportunidades de aprendizado para as coleguinhas. Respirei fundo. Precisava me concentrar em relaxar.
— Eadlyn! — Josie gritou ao me ver.
Resmunguei antes de erguer a mão para cumprimentá-la, na esperança de que o silêncio transmitisse meu desejo de privacidade.
— Muito empolgada com a Seleção? — ela berrou enquanto se aproximava.
Eu não pretendia berrar de volta, então fiquei calada. Logo Josie e a amiga estavam paradas bem na minha frente, encobrindo o sol.
— Você não escutou, Eadlyn? Está empolgada para a Seleção?
Josie nunca se dirigia a mim do jeito certo.
— Claro.
— Eu também! Acho que vai ser demais ter tanta companhia.
— Você não vai ter companhia nenhuma — lembrei a ela. — Esses rapazes são meus convidados.
Ela olhou para o lado como se eu tivesse dito o óbvio.
— Eu sei! Mas ainda assim vai ser legal ter mais gente por perto.
— Josie, quantos anos você tem?
— Quinze — ela respondeu orgulhosa.
— Imaginei. Se realmente quisesse, tenho certeza de que poderia sair e conhecer gente por conta própria. Você com certeza já tem idade para isso.
Ela abriu um sorriso.
— Acho que não. Não é muito apropriado.
Não quis entrar de novo nessa discussão. Era eu quem não podia resolver sair do palácio sem avisar. Inspeções de segurança, anúncios cabíveis e revisões do protocolo: tudo isso era necessário antes mesmo de eu cogitar a hipótese.
Além disso, precisava me manter sempre atenta às minhas companhias. Não podia ser vista com qualquer um. Uma foto infeliz não era apenas um registro: era um documento, um arquivo que podia ser ressuscitado sempre que os jornais precisassem me criticar. Eu tinha que ser sempre extremamente cautelosa para evitar qualquer situação que pudesse manchar a minha imagem, a da minha família e a do país inteiro.
Josie era uma plebeia. Não tinha nenhuma dessas restrições.
Não que isso a impedisse de agir como se tivesse.
— Bom, pelo menos você tem companhia para o dia de hoje, então. Se vocês duas não se importam, estou tentando descansar.
— Certamente, Alteza — assentiu a amiga, curvando a cabeça. Tudo bem, ela não era tão ruim.
— Vejo você no jantar! — o tom de Josie revelava um entusiasmo excessivo para isso.
Tentei me acalmar e voltar a relaxar, mas a voz aguda de Josie continuava a me perseguir. No final, peguei a esteira e os desenhos e voltei para dentro. Se não conseguia me distrair ali, talvez pudesse pensar em outra coisa para fazer.
Depois de tanta exposição ao sol brilhante de Angeles, parecia que já era noite dentro do palácio, e meus olhos levaram um tempo para se adaptar. Pisquei bastante na tentativa de distinguir a pessoa que vinha em minha direção. Era Osten, caminhando apressado pelo corredor com dois livros nas mãos.
Ele enfiou os livros nos meus braços e disse:
— Esconda no seu quarto, o.k.? Se alguém perguntar, você não me viu.
E sumiu tão rápido quanto tinha aparecido. Suspirei. Sabia que não adiantava nem tentar entender.
Às vezes eu não suportava a pressão de ser a primogênita, mas ainda bem que esse “cargo” era meu e não de Osten. Sempre que tentava imaginá-lo no comando, ficava com dor de cabeça.
Dei uma folheada nos cadernos, curiosa para saber o que ele tramava. Descobri que nenhum dos dois era dele. Eram de Josie. Reconheci sua letra infantiloide e, como se isso já não fosse suficiente, os desenhos de corações com os nomes dela e de Ahren dentro deixavam tudo bem claro. Mas o nome de meu irmão não era o único. Poucas páginas depois ela estava apaixonada por todos os quatro membros do Choosing Yesterday, uma banda popular, e logo em seguida por um ator.
Qualquer famoso interessante servia, aparentemente.
Decidi deixar os cadernos no chão perto das portas do jardim. Não importava o que Osten tivesse planejado, nada seria pior que a própria Josie tropeçar nos diários quando entrasse, sem imaginar como tinham parado lá ou quem os teria lido.
Alguém que se orgulhava tanto de sua proximidade com a família real já deveria ter aprendido uma ou duas lições a respeito de discrição.
Quando cheguei ao quarto, Neena estava a postos e pegou minha esteira para limpar. Joguei uma roupa qualquer por cima do corpo – não estava muito no clima de pensar no traje para o dia. Estava prestes a dar um jeito no cabelo quando reparei em algumas pastas sobre a mesa.
— A conselheira Brice deixou aqui para a senhorita — Neena disse.
Olhei para as pastas. Embora fosse meu primeiro trabalho de verdade em uma semana, não queria ser incomodada.
— Cuido delas mais tarde — prometi, imaginando que provavelmente não cuidaria. Talvez no dia seguinte. Aquele dia era meu.
Prendi o cabelo, conferi a maquiagem e fui procurar minha mãe. A companhia me faria bem, e tinha quase certeza de que ela não me pediria para escolher mobília ou comida.
Encontrei-a no Salão das Mulheres, sozinha. Uma placa ao lado da porta declarava que o cômodo na verdade se chamava Biblioteca Newsome, mas jamais tinha ouvido alguém se referir a ele por esse nome, com exceção da minha mãe de vez em quando. Era o espaço onde as mulheres se reuniam, então o título original me parecia mais prático.
Antes mesmo de abrir a porta, já sabia que encontraria minha mãe lá dentro porque podia ouvi-la tocar piano, e sua música era inconfundível. Ela adorava me contar a história de como meu pai a fez escolher quatro pianos novos – cada um com características próprias – depois que se casaram. Os pianos foram distribuídos pelo palácio. Um ficava na suíte dela; outro, na de meu pai; o terceiro, no Salão das Mulheres; e o último, em uma sala de estar raramente usada no quarto andar.
Eu tinha inveja de como ela fazia aquilo parecer fácil. Me lembrei de quando ela me disse que um dia o tempo levaria a destreza de suas mãos embora, e ela só seria capaz de pressionar uma ou duas teclas por vez. Por enquanto, o tempo tinha fracassado.
Tentei fazer silêncio, mas ela me ouviu mesmo assim.
— Oi, querida — cumprimentou, afastando os dedos das teclas. — Venha sentar comigo.
— Não era minha intenção interromper — disse, enquanto cruzava o salão para sentar ao seu lado na banqueta.
— Você não interrompeu. Estava espairecendo e já me sinto bem melhor.
— Alguma coisa errada?
Ela sorriu, relaxada, e acariciou minhas costas com a mão.
— Não. Só a correria do dia a dia — respondeu.
— Entendo o que você quer dizer — disse, passando os dedos pelas teclas sem produzir som.
— Fico pensando que cheguei a um ponto em que já vi de tudo, aprendi tudo sobre ser rainha. Mal concluo o pensamento e tudo muda. Existem… Bom, você já tem bastante com o que se preocupar. Não vamos nos incomodar com isso.
Com algum esforço, um sorriso reapareceu em seu rosto e, embora eu quisesse saber o que a preocupava – porque no fim das contas os problemas dela também recaíam sobre mim – ela tinha razão. Eu não conseguiria lidar com mais nada naquele dia.
Aparentemente, ela também não.
— Você se arrepende às vezes? — perguntei ao ver a tristeza em seu olhar, apesar do esforço para escondê-la. — Se arrepende de ter entrado na Seleção e se tornado rainha?
Fiquei grata por ela não responder sim ou não de imediato, mas refletir de fato sobre a questão.
— Não me arrependo de ter casado com seu pai. Às vezes me pergunto que tipo de vida eu teria sem a Seleção ou se não tivesse sido escolhida. Acho que teria sido boa. Eu não seria exatamente infeliz, mas não saberia o que estava perdendo. Mas o caminho até seu pai foi difícil, principalmente porque eu não queria percorrê-lo.
— Não mesmo?
— Não foi ideia minha participar da Seleção — ela respondeu, fazendo que não com a cabeça.
Meu queixo caiu. Ela nunca tinha me contado aquilo.
— De quem foi?
— Não importa — ela respondeu rápido. — Mas posso dizer que entendo suas reservas. Acho que o processo vai lhe ensinar muito sobre si mesma. Espero que confie em mim quanto a isso.
— Seria bem mais fácil confiar se eu soubesse que vocês estão fazendo isso por mim e não em troca de um pouco de paz. — Essas palavras soaram um pouco mais ásperas do que era minha intenção.
Minha mãe respirou fundo.
— Sei que acha que é egoísmo, mas você vai ver. Um dia o bem-estar do país vai recair sobre seus ombros, e você vai se surpreender com o que será capaz de tentar para evitar que ele desmorone. Nunca imaginei que teríamos outra Seleção, mas os planos mudam quando as circunstâncias exigem isso de você.
— As circunstâncias têm exigido muito de mim ultimamente — rebati.
— Primeiro, maneire o tom de voz — ela avisou. — Segundo, você só vê uma fração do trabalho. Não faz ideia de quanta pressão seu pai tem que aguentar.
Permaneci imóvel, calada. Queria sair. Se ela não gostou do meu tom de voz, por que provocou?
— Eadlyn — ela retomou calmamente. — Isso aconteceu quando tinha que acontecer. Mas, de verdade, cedo ou tarde eu faria alguma coisa.
— Como assim?
— Você parece fechada em certo sentido, desconectada do nosso povo. Sei que passa o tempo todo preocupada com as exigências que terá como rainha, mas já é hora de conhecer a necessidade das outras pessoas.
— E você acha que não faço isso agora?
Será que ela não enxergava o que eu fazia o dia inteiro?
Ela apertou os lábios.
— Não, querida. Não se seu conforto vem antes disso.
Quis gritar com ela, com meu pai. Sim, eu me refugiava em longos banhos de banheira ou com uma bebida durante o jantar. Não era pedir muito diante de tudo o que sacrifiquei.
— Não sabia que você me considerava tão incapaz. — Levantei e lhe dei as costas.
— Eadlyn, não é isso que estou dizendo.
— É sim. Tudo bem.
Caminhei até a porta. A acusação me deixava com tanta raiva que eu mal conseguia suportar.
— Eadlyn, querida, queremos que você seja a melhor rainha que puder, só isso — ela suplicou.
— Eu serei — respondi, com um pé no corredor. — E com certeza não preciso de um garoto para me mostrar como.
Tentei me acalmar antes de sair. A sensação era de que o universo tramava contra mim, revezando golpes para me derrubar. Repetia para mim mesma que seriam apenas três meses, apenas três meses… até que ouvi alguém chorar.
— Tem certeza? — parecia a voz do general Leger.
— Falei com ela de manhã. Ela decidiu ficar com ele — respondeu madame Lucy, soluçando.
— Você disse que podíamos dar de tudo para o bebê? Que temos mais dinheiro do que jamais poderemos gastar? Que nós o amaríamos sem nos importar com os problemas? — General Leger despejava apressadamente as palavras.
— Tudo isso e muito mais — insistiu madame Lucy. — Eu sabia que havia grandes chances de o bebê nascer com alguma deficiência. Disse a ela que teríamos condições de atender a qualquer necessidade dele, que a própria rainha cuidaria disso. Mas ela disse que conversou com a família dela e que eles decidiram ajudar. E que desde o começo ela nunca quis se desfazer do bebê; só considerou a adoção porque acreditava que teria de tomar conta de tudo sozinha. E se desculpou, como se isso melhorasse as coisas.
Madame Lucy respirava fundo, como se tentasse silenciar os soluços. Me aproximei da esquina do corredor para ouvir.
— Sinto muito, Lucy, de verdade.
— Não há por que sentir. Não é culpa sua — ela pronunciou essas palavras com carinho e coragem. — Acho que temos de aceitar que acabou. Anos de tratamento, tantas gestações que não vingaram, três adoções fracassadas… Precisamos desistir.
Fez-se um grande silêncio, até o general Leger responder:
— Se você acha que é melhor.
— Acho — ela disse. Sua voz soou firme, e ela se desfez em lágrimas novamente. — Ainda não consigo acreditar que jamais serei mãe.
Depois de um segundo, seu choro começou a sair abafado, e entendi que o marido a puxara contra o peito na tentativa de confortá-la da melhor maneira possível.
Durante todos esses anos eu sempre tinha pensado que os Leger haviam escolhido não ter filhos. A luta de madame Lucy jamais surgira nas conversas que presenciei. Ela parecia se contentar em brincar conosco quando éramos crianças. Eu nunca imaginara que esses momentos representavam um golpe doloroso considerando a situação que viviam.
Será que minha mãe tinha razão? Será que eu não era tão observadora e cuidadosa quanto pensava? Madame Lucy era uma das minhas pessoas favoritas no mundo. Será que eu não deveria ter sido capaz de enxergar como estava triste?

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